Publicado em 27/07/2022 13h56 Atualizado em 03/08/2022 08h27
Joilson Ramos de Jesus, biólogo e pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar) participou do desenvolvimento de um composto natural de baixo custo que acelera a revelação de impressões digitais. A tecnologia usa como base a resina (exsudato) do cajueiro. O método promete agilizar investigação policial em cenas de crimes.
Fale um pouco sobre o seu trabalho.
O nosso estudo reuniu pesquisadores e parcerias públicas e privadas do país e do exterior. A tecnologia usa uma nanopartícula à base da goma do cajueiro, capaz de identificar impressão digital em superfícies mais porosas, com menor custo, menos toxidade e em curto tempo.
O que seria essa nanopartícula?
Trata-se das nanopartículas de prata acetiladas à base da goma do cajueiro. As nanopartículas foram obtidas a partir da associação da prata – metal com potencial revelador tradicionalmente conhecido – com a goma do cajueiro modificada quimicamente, que é originada da resina da árvore – um líquido viscoso de cor amarelada, extraído do caule da planta.
Quais os benefícios da goma do cajueiro nessa composição?
A goma do cajueiro é utilizada como agente estabilizador na produção dessa nanopartícula. Nas soluções atualmente adotadas, é usado o composto de ninidrina. Essa substância é tóxica ao usuário. Além da nanopartícula à base de goma de cajueiro dispensar o uso da ninidrina, a goma é biocompatível e biodegradável resultando em um sistema de revelação sem toxidade.
Qual é o a importância da sua pesquisa para a sociedade?
A nossa pesquisa ela tem uma importância econômica, principalmente para a região Nordeste, pois valorizamos o produto. Quando aplicamos a goma do cajueiro na produção dessa nanopartícula, além de reduzir a toxidade, usamos uma matéria-prima local que torna o produto mais barato.
O que a pesquisa traz de inovação?
Hoje, revelar uma impressão digital demora cerca de dez dias. Quando usamos a nanopartícula de goma de cajueiro na detecção dessa impressão digital ela reduz significativamente esse tempo. Com a goma do cajueiro ela é praticamente em tempo real. Saímos de dez dias para algumas horas. Além disso não é tóxica, é eficiente e valoriza a matéria-prima regional.
O estudo já ganhou algum reconhecimento?
O trabalho foi publicado na Environmental Nanotechnology, Monitoring & Management, revista internacional da área de nanotecnologia. Além disso, também estamos finalizando o processo de deposito patente da pesquisa.
Legenda das imagens:
Imagem dentro matéria: A goma de cajueiro em pó (B) e a solução de nanopartículas de prata acetiladas à base do polímero extraído do caule da árvore do caju – C (Foto: Arquivo pessoal)
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CCS/CAPES)
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